O natal sempre exerceu em mim grande fascínio. Era somente nessa data em que ganhávamos presentes. Mas não era só por isso. Era e ainda é costume enfeitar a árvore de natal, que, na minha infância, eu só conhecia por pinheirinho. Pinheirinho porque se cortava um pequeno pinheiro araucária, que tínhamos aos montes.
Quando íamos a capela da comunidade no natal, aquele pinheirinho me encantava. Suas bolas coloridas, as fitas de papel crepom, os chumaços de algodão simulando neve me levavam para um mundo de contos de fadas, luzes, estrelas, mil cores, brinquedos etc.
Comecei a frequentar a escola local já com oito anos de idade (naquele tempo, no meio rural, começava-se a estudar tarde), então, conversando com minhas colegas de classe, fiquei sabendo como se enfeitava um pinheirinho em casa, uma vez que não se tinha dinheiro pra nada, a não ser para comprar cola, papel crepom e algodão, que eram coisas baratas.
E assim enfeitei meu primeiro pinheirinho. As bolas eram cascas de ovos que minha mãe guardava e eu as decorava. As velas eram gravetos, hastes de arbustos cortados e decorados com papel crepom ou com papel laminado dos maços de cigarro. Os maços de cigarro eram envolvidos com papel laminado de cor prata, que tinha muita utilidade. Eu recolhia do chão todos os maços jogados. Vasculhava a mata local em busca de ninhos de pássaros e sequestrava-lhes os ovos, que eram cuidadosamente furados e decorados para ficarem em destaque no meu pinheirinho.
Eu queria que meu pinheirinho fosse o mais bonito da comunidade (depois do da capela, é claro). E conseguia. Exercia toda a minha criatividade e ássava as descobertas às minhas colegas. Embora soubessem como fazer, faltavam-lhes habilidade.
Fui crescendo, guardava os trocados que ganhava e acabava comprando mais material, e assim meu pinheirinho ficou famoso, era o mais bonito da comunidade.
Nossa... Dá vontade de chorar lendo isso. Que bonita a sua história da infância :-)
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